Estás em cinzas

Leva contigo o que outrora trouxeste. Esse disfarce de cavaleiro lusitano de espada em punho mas de escudo abandonado. Gasto com o tempo, arrebatado pelas loucuras, cegado pela paixão. Transformado num capítulo já lido, desencantado em gritos de dor, sufoco de lágrimas e peito esmagado. Estás em cinzas. És memórias em chamas latejantes, és areia movediça, onda gigante que deu à costa e voltou para trás. És adolescente mas pouco humano, animal feroz facilmente domado, ilusionista de amores e malabarista de cores. Viraste do avesso, endireitaste e novamente repuseste. Não tens sombra; és fantasma. Estás imóvel. Agora voa, daqui a pouco o sol nasce.